sábado, 24 de março de 2007

Polícia Atuante

Depois de muitas denúncias de abuso policial, de um descrédito acentuado na própria instituição (promovido pela massiva divulgação de fatos negativos, de exceção), os jornais de hoje nos trazem a notícia de uma mega-operação policial levada a efeito ontem (Estadão, Folha, Globo).

É importante notar, sobre este fato, que ele traz um certo "despertar" de integrantes da instituição, que acreditam no cumprimento do dever. Num primeiro momento, a uma análise mais rasa, pode parecer mais um ato performático a atrair a atenção benfazeja da população.

Mas parece, no entanto, que um olhar mais profundo sobre o fato em si (enquanto resultante de um reconhecimento de necessidade, de um fruto de planejamento coordenado e de uma ação da força do Estado como um todo - tanto no sentido de que a ação foi tomada simultaneamente em todo o território nacional, quanto no sentido de que a Magistratura e o Ministério Público estavam cientes e atuantes no evento superlativo), mostra que se caminha, a passos largos, para a constituição de uma unidade dentro do Estado, que tem como ponto de origem a intenção do cumprimento do dever de ofício.

Pode parecer que isto é pouco, que é só um "fogo de palha". Mas também pode, diante de uma ação continuada no mesmo sentido, se revelar como a semente de um movimento cuja resultante deve trazer ao povo em geral um novo estado de coisas: o sentimento generalizado de segurança.

E quem se lembra, hoje em dia, daquele sentimento coletivo de impotência, de insegurança e de frustração, que experimentamos em São Paulo, naquela fatídica segunda-feira pós-quatrocentos e tantos ataques coordenados e perpetrados pelo crime organizado?

Isto pode ser um sinal de mudança na estrutura íntima do Estado que, esperamos, não seja, no final das contas, entregue a nenhum déspota, para usufruto pessoal.

Saudações, João

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